Como vocês já sabem, o desafio da vez é o de postar uma foto sem maquiagem e sem filtro. Essa campanha intitulada “Stop the beauty madness” (em tradução livre: “parem com a loucura pela beleza”), foi lançada por Robin Rice, com a proposta de questionar os padrões de beleza.
Que a nossa cultura tem uma obsessão com a beleza não é nenhuma novidade. Imagine um mundo em que o tamanho de seu manequim não importa, um mundo em que não haja uma imagem corporal “ideal”, e ninguém julgue o valor de uma pessoa com base apenas em olhar para ela. Parece bom demais para ser verdade, não é mesmo? Na verdade, creio que Robin Rice tenta mostrar que esse mundo é possível através de sua atual campanha “#StoptheBeautyMadness“.

#stopthebeautymadness

Stop the beauty madness não é uma campanha voltada para um público-alvo. Não é exclusivo para mulheres que se encaixe em tal categoria. Não é apenas para mulheres de vinte e poucos anos. Esta é uma campanha para todas as mulheres, independente de idade, classe social, cor, composição genética…

#eusemmake

Mas, no Facebook, instagram, twitter, etc… o que vemos não é bem isso. Ao invés de uma campanha interessante refletindo sobre os padrões de beleza, vemos um desafio entre amigas ou apenas conhecidas, que nem sequer cita a campanha nem explica o motivo pelo qual a fulana está sendo desafiada. E outra coisa, vi muito desrespeito à pessoas mais velhas, para citar alguém conhecido, tipo a dona Susana Vieira, atriz, que tem idade para ser avó da maioria que usa as redes sociais, que, ao responder ao desafio foi chacoalhada por trocentas pessoas falando que era para ela se esconder, para não colocar aquele tipo de foto na mídia e tals.

Você pode re-twittar, compatilhar a hashtag, desafiar toda sua lista de “amigos”, recortar anúncio de revista e colocar em seu armário, mas, na verdade, o que você está fazendo para que essa mudança aconteça? Você está conversando com suas amigas reais, com suas filhas, com suas conhecidas, com suas vizinhas sobre isso? Você está indo à padaria, ao mercado, à escola sem maquiagem? Porque do que adianta propagar a hashtag “#stopthebeautymadness” se você não começar a fazer a diferença?

#eusemmake

Eu penso que não vai ser esta história de desafio #stopthebeautymadness que vai mudar uma coisa que está na cabeça das pessoas há anos. Lembro de que eu era pequena e via minha avó (moradora da roça) passar batom, pó de arroz e lápis nas sobrancelhas toda vez que ia sair de casa. Ela sempre falava que era necessário, que a mulher tinha que estar sempre bonita.
Nos contos de fadas que ouvimos e assistimos desde sempre, a bela princesa se casa com o príncipe, enquanto as feias, geralmente madrastas más e irmãs, sofrem. Somos condicionadas desde cedo a acreditar que aparência bonita é bom, e feia é ruim. À medida que amadurecemos, percebemos que isso é besteira, mas já estamos tão absortos pela cultura que não temos a audácia de mudar.

Agora eu pergunto: Não é uma delícia você encontrar com alguém num dia especial e essa pessoa lhe dizer o quanto você está linda naquele momento? Pois é… se você é daquelas que não sai de casa sem se maquiar, dificilmente ouvirá esse elogio, pois será comum para todos a virem maquiada. Estou falando da pessoa, não do look, ok?

Então… espero sinceramente que esta campanha sirva para resgatar o amor-próprio das mulheres, que todas sejam encorajadas a olharem a si mesmas como mulher natural, real e aprendam também a olhar para as outras mulheres assim.

Todas nós temos nossas inseguranças, mas “#stopthebeautymadness” nos lembra que somos mais do que meras carcaças. É hora de colocar à vista o que nos torna únicos, nossas características.

E ai, vamos começar a sair de cara lavada para ir à padaria, ao mercadinho da esquina, ao açougue? Já é um bom começo!